Leonardo Da Vinci - Walter Isaacson

Quem foi Leonardo da Vinci? Um grande artista, um grande engenheiro, um gênio, todas são respostas possíveis, mas que não o contemplam por completo. Talvez, antes de todas essas características, o mais adequado seja dizer que ele era um grande curioso. Foi sua curiosidade que o levou a desenvolver tantos variados interesses e a se destacar na maior parte deles, como geologia, anatomia, óptica, dinâmica das águas, engenharias, pintura e botânica.

Leonardo não teve uma educação formal, pois era um filho ilegítimo, porém, se interessava pelo mundo ao seu redor e pelas relações entre os padrões da natureza e do corpo humano, entre arte e ciência. Assim, aprendeu muito por conta própria, chegando inclusive a conhecimentos científicos que só seriam “redescobertos” décadas ou séculos depois. Isso porque, apesar dos muitos tratados que pretendia escrever, nenhum foi de fato publicado. 


 Foto: autoria própria.

A falta de educação formal fez com que valorizasse muito a experiência, e era principalmente através dela que aprendia. Com o tempo, ele também passou a perceber a importância da teoria, em conjunto com a prática, e de certa forma foi um precursor do método científico.

Por outro lado, Leonardo não correspondia à imagem de gênio solitário. Em geral, ele tinha boas relações com outras pessoas, e também sabia perguntar e aprender com os outros, o que também reforça a sua tendência científica, que envolve colaboração. Além disso, ele gostava de espetáculos e festividades, com o que também trabalhou. Sua imaginação era muito fértil e transparecia em suas criações, coexistindo com a precisão científica.

Afinal, ele também era humano, passou por períodos difíceis e sombrios, era facilmente distraído por algum novo interesse, procrastinador com suas encomendas, e perfeccionista, tendo deixado, além dos tratados não escritos ou organizados, possíveis obras-primas inacabadas.

Eu li poucas biografias até hoje, e nunca lera uma tão completa quanto essa de Walter Isaacson. Como tentei demonstrar aqui, ele apresenta Leonardo da Vinci com muita admiração ao constatar todas as suas habilidades, no entanto, enfatiza que sua genialidade advinha não de um talento inexplicável, mas principalmente de sua imensa curiosidade e apurada observação, características que podemos buscar desenvolver. Ele passa por todas as fases da vida de Leonardo, pelas cidades onde morou, por seus problemas pessoais, por suas obras fundamentais, e pelos seus interesses mais inusitados, que de uma forma ou de outra também contribuíram para a primorosidade das obras que marcaram nossa história. É um belo retrato de Leonardo.

"Acima de tudo, a curiosidade e o experimentalismo incessantes de Leonardo deveriam nos lembrar da importância de incutir, tanto em nós mesmos quanto em nossos filhos, a ideia de não apenas assimilar o conhecimento, mas se mostrar sempre disposto a questioná-lo - ser criativo e, como muitos desajustados talentosos e rebeldes de todas as épocas, pensar diferente."

Avaliação: 5/5

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