Duas vezes na floresta escura - Caio Riter


"Paixões, acho, não são mesmo para serem entendidas. São paixões. A criatura é tomada pelo sonho, pelo desejo, e se deixa levar por ele. Algo não entendível." - Duas vezes na floresta escura, Caio Riter, página 55.

Sinopse:
Susana se sentia sozinha naquela cidade em que pouco havia para se fazer. Susana queria que a mãe retornasse, queria poder voltar para seu quarto, para sua escola, para sua amiga Clara. No entanto, sabia que isso ainda iria demorar. Todavia, aquela vida que, num primeiro momento, lhe pareceu insuportável, sofrida, foi se modificando. A garota conheceu a Bethânia, o Caetano, a Nicole. Conheceu também o César, um garoto estranho, que adorava espionar os outros. Até que uma tragédia se abateu sobre aquela cidade tão pacífica. E Susana e seus novos amigos estavam bem próximos dela. Deles, dependia a solução de um bárbaro crime.
Skoob

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Meu interesse por Duas vezes na floresta escura começou pela sinopse, pelo fato de ser um livro de mistério, gênero que amo. Porém, ao iniciar a leitura, fui surpreendida pelo outro aspecto da história: a mudança da vida de Susana. 
Ela, a protagonista, é uma adolescente que se muda com o pai da capital para uma cidadezinha do interior, onde todo mundo anda de bicicleta e mal sabe o que é internet. A mãe de Susana ainda passará dois anos estudando no exterior, e a saudade dela se mistura às muitas outras saudades que a garota sente: da melhor amiga, Clara, e da vida na capital.
 "A saudade, creio, é algo inexpugnável." - pág. 55
Apesar de tudo, a adaptação à nova cidade, colégio e colegas é necessária. Pouco a pouco, Susana vai descobrindo novas amizades, como Bethânia e Caetano. A floresta escura no final de sua rua também a atrai, com todo o seu mistério. 
Mas nem todo mundo lá é tão amigável. César, um garoto estranho que vive espionando os outros, fica de olho em Susana por razões que ela não compreende. Todos dizem que ele é apaixonado pela patricinha da escola, Nicole. Mas mal sabem eles que César sabe mais do que ninguém imagina.
E é aí que inicia-se a segunda parte do livro. Justo quando Susana está se ajustando à cidade e Clara está visitando-a, um crime arrepiante ocorre naquele lugar tão pacato, dentro da floresta escura, e os quatro amigos: Susana, Clara, Bethânia e Caetano, não podem evitar o envolvimento no trabalho que deveria ser apenas da polícia, e passam a investigar o assassinato. A partir daqui, não posso contar mais nada, senão vou dar muitos spoilers.
A narrativa é diferente nas duas partes do livro. Na primeira, é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da própria Susana. Depois, o narrador é em terceira pessoa. A leitura é bem rápida e fluída, mas bem gostosa. O estilo de escrita de Caio Riter é bem singular e muito bonito. 
Ao todo, Duas vezes na floresta escura é uma história sobre amizade, mudança, amor, saudade e enfim sobre um mistério. Aliás, o livro apresenta muito sobre Machado de Assis, que é o principal alvo do estudo da mãe de Susana, que também acaba se apaixonando por suas histórias. Todas as notas de rodapé explicam algo sobre a vida dele ou sobre algumas de suas obras de acordo com a garota, e são muito interessantes, quase como uma história a parte.
Minha única crítica negativa seria sobre o desenvolvimento do crime, da investigação, que acabou sendo bem rápido e poderia ser mais extenso.
O design todo do livro é maravilhoso, inclusive o estilo e tamanho das letras.
Enfim, é uma leitura que recomendo principalmente para a faixa etária entre onze e doze anos.

Nota: 8,0

Ficha técnica:
Título: Duas vezes na floresta escura
Autor: Caio Riter
Editora: Gaivota
Nº de págs.: 164